quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O enigma do Pai Natal

A partir daquele dia, daquele terrível e inesquecível dia, o Natal nunca mais seria o mesmo para mim. Como é que podia ser verdade o que tinha ouvido o meu pai segredar à minha avó, dias antes das férias do Natal começarem?!
- Ela já não é nenhuma menina pequenina. Precisa de saber a verdade e aceitá-la. - disse ele, momentos antes de eu começar a descer as escadas.
Já não as desci. Ali fiquei, no topo delas, a ouvir aquela inacreditável conversa.
Quanto mais ouvia mais surpreendida ficava. Embora a minha avó Josette não estivesse de acordo com o meu pai Jorge, eu nunca pensei ouvir aquele tipo de conversa. Pensei para comigo: "Talvez fosse uma partida de Natal!"
De repente fez-se silêncio, esperei um pouco para ver se retomavam a conversa, mas passados alguns segundos percebi que naquele momento a conversa tinha terminado. Foi nessa altura que desci as escadas e fui para junto deles.
Como não sou de meias conversas fui ter com o meu pai e perguntei-lhe:
- Pai o que é que estavas a dizer à avó Josette?
O meu pai ficou vermelho como um tomate, pensou um bocado e depois desconversou e não respondeu à pergunta. 
"Não faz mal!" pensei eu, a partir de agora iria estar mais atenta a todas as conversas.
Não tardou muito a surgir nova oportunidade.
Certa noite, depois de todos jantarem, o meu pai mandou-me para a cama. Quando pensavam que estava a dormir, ouvi o meu pai dizer à minha avó:
- Mãe, eu preciso de ajuda para falar com a Maria! Preciso de lhe contar que este Natal não vai ter o que pediu ao Pai Natal porque não tenho dinheiro para isso.
- Filho, mas assim ela percebe que tu és o Pai Natal dela.
- É por isso que preciso da tua ajuda para lhe explicar o que é o Natal.
- Meu filho, quando eras pequeno, também eu e o teu pai tivemos o mesmo problema. Lembraste daquele Natal em que tu querias um carro telecomandado, mas o Pai Natal trouxe-te uma bola? Tu estranhaste, mas pouco tempo depois a bola tornou-se no teu brinquedo preferido. Podes sempre fazer o mesmo que nós fizemos contigo. Ofereces-lhe um modesto presente embrulhado num lindo papel cheio de amor e ternura e verás que ela o vai adorar.
Eu nem queria acreditar... Será que o Pai Natal afinal não existe? Que conversa tão estranha...
- Então eu estes anos todos estive enganada a pensar que o Pai Natal era um velhinho de barbas brancas que vinha num trenó puxado por renas, distribuindo os presentes às crianças na noite de Natal? - perguntei eu muito espantada assim que desci as escadas.
O meu pai ficou um pouco atrapalhado, pois não sabia como havia de começar a explicar-me a verdadeira história do Natal. Como ele não respondia, fiz outra pergunta:
- O teu avô não faleceu há muitos anos?!
E o meu pai respondeu com uma conversa muito estranha.
- Sim... Não...
Não passava disso. Então eu disse-lhe:
- Pai, eu já sou crescida para perceber as coisas como elas realmente são. Não vale a pena baralhares ainda mais a minha cabeça. Diz-me a verdade. Existe ou não o Pai Natal? Era o teu avô e agora és tu que te vestes com o fato do Pai Natal? És tu que lês a minha carta e compras os presentes que eu peço? - perguntei eu muito séria.
- Minha querida filha, às vezes a fantasia e a realidade confundem-se. Todas as crianças podem ter as suas imaginações e as suas dúvidas. Também eu tive e só mais tarde descobri o segredo: É preciso acreditar no Pai Natal! Seja quem for. Ou se acredita nele ou arriscamo-nos a passar o Natal sem presentes. Lembraste do Peter Pan? "Por cada pessoa que não acredita em fadas, morre uma fada." Não vais querer que o Pai Natal morra, pois não?!
- Não pai, ele ficará sempre no meu coração. - disse eu envergonhada.
- Não esqueças filha que, enquanto houver crianças, haverá sempre Pai Natal!


História  coletiva elaborada pelos alunos Tomás, 
Luisa, Ruben, Margarida, Daniela, Gonçalo, 
Henal e Robert (3.º A) com o apoio dos pais 

3 comentários:

  1. Excelente texto amigos! Agora que já acabaram as aulas, não podemos fazer outro. Que pena!

    Robert C.C.

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  2. Poderemos sim, Robert! Estava a pensar em colocar o guião que estamos a elaborar todos juntos da nossa festa de finalistas. E adivinha com que desenho? Com aquele que estamos a fazer em coletivo da cidade de Lisboa.

    Prof. Sara

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